Penedono

Penedono nos caminhos de Sefarad
Penedono é terra de Fé. Cedo foi calcorreada por gentes desconformes nas suas crenças, e nela tantos entenderam por bem firmar suas vidas. Sinais de devoção das suas crenças e práticas religiosas ficaram marcados, um pouco por toda a parte, e hoje constituem um tesouro cultural de grande valor civilizacional. Dele, extrai-se um copioso conjunto de vestígios da herança da comunidade sefardita que aqui viveu e permaneceu, e que têm sobrevivido à incúria do tempo e dos homens.
A origem do povo judeu em Penedono é incerta, mas em terra tão antiga é natural que a sua presença seja remota. Documentados desde os meados do século XV, mas sendo seguramente mais antigos, os primeiros judeus penedonenses estabeleceram os seus núcleos familiares particularmente em Penela da Beira, onde mais tarde se veio a erguer uma comunidade que prolongou os seus ecos até aos nossos dias. Certas lendas, contos e cantigas populares, usos e costumes ancestrais, pequenos hábitos quotidianos e toponímias antigas, que ainda se colhem no seio das nossas aldeias, evocam tempos antigos da permanência da comunidade sefardita. Esses testemunhos imateriais relacionam-se intimamente com a materialidade da herança judaica, perpetuada no granito, presente sob a forma de vestígios epigráficos, dos pequenos cavos onde outrora moraram as mezuzot e, sobretudo, pelas marcas de caracter mágico-religioso de simbologia judaica e cristã-nova.



Por um caminho duro e dourado,
procuraram por aqui vida…
Os judeus penedonenses eram naturais do reino e por aqui construíram as suas vidas. Regra geral, os sefarditas adaptaram-se à construção local, mas por pragmatismo e por motivos religiosos introduziram elementos arquitectónicos que, em alguns casos, se tornaram marcas distintivas dos seus espaços habitacionais. Em Penedono, as habitações associadas, de alguma forma, às famílias judias revelam fachadas assimétricas, algumas com duas portas contíguas (uma larga destinada à oficina e outra, mais estreita, para o acesso da família à habitação), muitas vezes com passagens interiores para as casas vizinhas, criando espaços comunicantes, de forma a facilitar o quotidiano familiar que se desejava discreto. No interior de algumas dessas habitações, ainda subsistem antigos escaparates abertos nas paredes graníticas que, em alguns casos, serviram como recantos de custódia das alfaias religiosas judaicas. No exterior, as suas antigas habitações ainda exibem janelas de traçado galarim, de grande qualidade construtiva, onde ocorrem apontamentos de decorações simbólicas.



Por aqui e por ali, parar em todo o lado.
Penedono convida o visitante a percorrer todos os caminhos, buscar cada recanto e deixar-se perder. Todas as freguesias revelam curiosos vestígios culturais de herança judaica e cristã-nova, especialmente em antigas habitações, algumas quinhentistas, localizadas nas entradas das nossas aldeias, em locais de antigas praças e ainda ao longo das vias principais ou nas suas travessas.
Em Castainço, na rua da Praça, encontra-se um dos edifícios mais interessantes de construção judaica/cristã-nova do concelho. Possui diversas marcas cruciformes que se mesclam com datas e abreviaturas cristãs. Nas suas imediações, podem admirar-se outras habitações de traçado muito antigo com marcas cruciformes, muitas delas quinhentistas.
No lugar do Santo António, na Granja, a “casa da carneira” é outro exemplar singular que possui um conjunto importante de símbolos onde se incluem cruciformes e marcas religiosas judaicas. Além disso, integra um núcleo habitacional que possuía ligações interiores com as casas adjacentes.
A tradição assevera-nos que Penela da Beira é terra antiga para os judeus. A toponímia é aqui pródiga em referências, como a rua do Enoque ou a rua do Ló. O espaço habitacional localizado entre a rua da Calçada, a rua do Alecrim e a rua do Ló, onde sensivelmente no centro fica a rua do Enoque, mostra uma configuração intencionalmente desordenada. É lugar de visita obrigatória, pois era aqui que habitava a comunidade judaica. Marcas cruciformes e inscrições surgem a cada passo que se dá. E, não perder a visita, ao centro da vila de Penedono, onde estão identificados numerosos vestígios de simbologia judaica/cristã-nova, identificados nas vetustas habitações contornantes das praças, como no largo do castelo ou nas proximidades do adro de São Salvador, que a sombra protetora de um castelo com mais de mil anos continua a abrigar.

 

Município de Penedono
Morada: Largo da Devessa – 3630-253 Penedono
Telefone: 254 509 030
Fax: 254 509039
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Url:www.cm-penedono.pt

Loja Interativa de Turismo
Morada: Praça 25 de Abril
3630-225 Penedono
Telefone: 254 508 174
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