Rede de Judiarias de Portugal

Porto

A cidade do Porto, que desde o início da nacionalidade possuía várias judiarias, viu D. João I, em 1386, mandar concentrar os judeus no bairro do Olival, dentro das muralhas medievais. A nova judiaria confinava com duas das portas dessa muralha, locais ainda hoje referenciáveis: a do Olival e a das Escadas da Esnoga.


A Sinagoga situava-se no local do actual convento de S. Bento da Vitória.
Durante a época medieval, o Porto era sede de uma das sete ouvidorias (administração autónoma de justiça) judaicas do país; a de Entre Douro e Minho.
Já no tempo dos cristãos-novos, estes, principalmente ligados à burguesia mercantil e ao negócio marítimo, são obrigados a fixar-se na R.de S. Miguel, principal eixo do bairro. Há poucos anos, foi aqui descoberta a Sinagoga secreta (nº 9-11) cujo Hejal está agora preservado e visitável.

O intelectual e escritor portuense Immanuel Aboab ( 1555-1628) referiu-se, depois de emigrado, à lembrança de, em criança, ir com os pais orar a esta Sinagoga. Era bisneto do " último gaon ( autoridade rabínica ) de Castela", Isaac Aboab que, quando da expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, negociou com D. João II a vinda para Portugal e para este quarteirão do Porto de 30 notáveis famílias castelhanas acolhidas em condições muito favoráveis pela Câmara Municipal da cidade. Estas casas patenteavam um P e a comunidade ficou responsável pelo calcetamento da R. de S. Miguel onde se haviam instalado.

Também ilustres portuenses saídos para a diáspora foram personalidades como o filósofo Uriel da Costa(1590- 1647), o fundador e primeiro presidente da Comunidade Sefardita de Amsterdam, Jacob Tirado(1544-1620), o médico e parnassim da comunidade de Hamburgo Samuel da Silva ( 1571-1631 ), autor do Tratado da Imortalidade da Alma, o rabino, médico e poeta  Abraham Pharar ( ?- 1663) e Bento Teixeira, poeta luso-brasileiro (1561-1618), um dos maiores eruditos portugueses da época, autor de Prosopopeia e falecido nas masmorras da inquisição com 40 anos.

Conhecem-se três locais de implantação de judeus no Porto: a Judiaria Velha, na Rua das Aldas (atual Rua de Sant’Ana) e espalhando-se até à Rua Escura e à Rua Chã; a Judiaria de Monchique, extramuros, em Miragaia; e a Judiaria Nova do Olival, novamente dentro de muros. Esta última seria instituída em 1386, por ordem de Dom João I, justificando-se como medida de segurança e reunindo os judeus entretanto dispersos pela cidade. Estava circunscrita por uma cerca, aberta por duas portas: uma para o Largo da Porta do Olival, outra para as Escadas da Esnoga (hoje da Vitória) e para caminho de Belmonte. Ocupando um antigo olival, foi urbanizada em torno de um eixo principal, hoje composto pelas Ruas de São Bento da Vitória e de São Miguel, cruzado por travessas perpendiculares. No centro  ficava a sinagoga. Depois da sua expulsão de Castela, aqui foram acolhidas e assimiladas trinta famílias, que haveriam de sofrer novo revés pelo édito de dezembro de 1496, que as obrigava à conversão ou expulsão. Extinta a Judiaria do Olival, as casas dos judeus renitentes à conversão foram entregues a cristãos-velhos. Nas que permaneceram ocupadas pelos agora cristãos-novos, foram gravadas marcas – muitas cruciformes – nas ombreiras das portas, lintéis e embasamentos das construções, símbolos cristãos que substituíram o mezuzah. Sobre parte da antiga judiaria foi construído o monumental Mosteiro de São Bento da Vitória, enquanto a sinagoga seria transformada na Igreja de Nossa Senhora da Vitória.

 

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