Alenquer

Durante a idade média a vila de Alenquer viu assentar a primeira comunidade judaica. Esta enraizou-se numa zona do centro histórico que ainda hoje preserva os nomes de Rua, Travessa e Beco da Judiaria.

Durante meados do séc. XV esta comunidade deveria já englobar cerca de 90 habitantes concentrados na referida zona.

Os ofícios mais correntes destes correspondiam ao que era normal em outras comunas; alfaiates, ferreiros, sapateiros e diversos artesãos. Existem dados históricos que comprovam a força económica dos judeus de Alenquer já que chegaram a contribuir com uma das mais elevadas taxas (impostas) para o reino.
        

Alenquer é a terra de Damião de Góis, que, não sendo judeu, foi uma das mais famosas vítimas da Inquisição. Teve dois processos e foi por isso preso (1571). Este humanista e historiador, grande personalidade do renascimento chegou a ser nomeado guarda-mor dos Arquivos Reais da Torre do Tombo. Em 1560 mandou restaurar a Igreja de Stª. Maria da Várzea, local que havia preparado para o receber após a morte (1574).

Em meados do séc. XX, a capela com o seu túmulo foi trasladada para a Igreja de S. Pedro.

O cemitério (autónomo do cristão) da comunidade situava-se muito perto desta Igreja da Várzea, também extra-muralhas e no local onde depois veio a ser construída a hoje virtual Real Fábrica do Papel. Adro dos Judeus era o nome pelo qual esta zona era conhecida no séc. XV.

O topónimo «Judiaria» resistiu, em Alenquer, ao passar dos séculos e continua a identificar um bairro da zona histórica da vila e a assinalar o local de fixação da comunidade judaica, que teve alguma importância na Idade Média.

O historiador Guilherme Henriques refere-se-lhe, nestes termos:

«No fim da rua dos Muros, próximo à Porta de N. S.ª da Conceição, existem uns quintais e casas arruinadas denominados ‘Judiaria’. Era aqui o bairro particular dessa raça laboriosa e proscrita […] e o facto dele ficar reduzido a quintais foi, provavelmente, pela repugnância que os cristãos sentiam de habitar as casas que tinham servido a este povo perseguido e desprezado.»

Para o ano de 1442 apontam-se 18 judeus na vila, número que corresponde apenas aos chefes de família. João P. Ferro, autor de Alenquer Medieval, afirma que o número de judeus poderia então oscilar entre os 63/90, sendo a grande maioria mesteirais. «Comunidade bastante rica» chegou a pagar mais impostos do que as comunas de Santarém, Leiria, Lamego, Porto, Tomar, Setúbal ou Coimbra, sendo apenas superada pelas de Lisboa, Beja, Guarda e Moncorvo.

Considerados culpados de incendiarem a Igreja da Várzea, os judeus terão sido expulsos da vila no final do séc. XV, não sem antes terem sido condenados a reedificar o templo.

Um documento do séc. XV, citado por João P. Ferro em Alenquer Medieval, refere-se ao «Adro dos Judeus», o cemitério, que se situava no local onde, no princípio do séc. XIX, se construiu a Real Fábrica do Papel.

 

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Praça Luís de Camões
2580-318 Alenquer
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Telefone: 263 730 900
Fax: 263 711 504

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