Lamego

Desde o sec. XIV que os judeus da então importante cidade de Lamego ocupavam a área entre o castelo e a igreja de Stª. Maria de Almacave. No séc. seguinte os bairros judeus eram já dois; o mais antigo (judiaria da velha), localizava-se junto á Porta do Sol, o que correspondia à judiaria nova ou do fundo junto do adro da igreja citada.

Neste bairro localizava-se a sinagoga na antiga Rua da Esnoga. Em 1436, eram mais de 400 os habitantes judeus das duas zonas. Apesar da importância religiosa católica de Lamego, a percentagem deste número é de extremo significado. A partir do reinado de D. Duarte que os dois bairros fossem encerrados à noite através de portas colocadas para esse efeito. Estas localizavam-se respectivamente na rua que abria para a Praça (do Comércio) e na que abria para o adro da igreja de Almacave.

A actual Rua Nova correspondia ao primeiro caso (mais a Rua (Travessa) da Fonte Velha, Rua da Seara e Rua da Cruz) e inclusivamente chegavam a ocupar a Rua do Almacave. Na Rua Nova (antiga judiaria nova) pode ver-se um característico portal ogival, granítico (agora com inscrição cristã). Pode ter sido aqui a antiga Sinagoga. A importância de Lamego é atestada já em 1139 por aqui terem decorrido as famosas Cortes (reunidas na igreja de S. Maria Almacave) onde D. Afonso Henriques foi aclamado como rei de Portuga. A própria diocese da cidade é mesmo anterior pois existe desde o ano 570 (S. Martinho de Dume).

José de Lamego, sapateiro judeu, foi quem recebeu de Pêro da Covilhã na cidade do Cairo as informações que de seguida permitiram a D. João II conhecer todos os dados referentes às costas leste africana, arábica e índia que lançou a viagem de Vasco da Gama.

 

Lamego

História e legado da presença judaica na cidade

Ricardo Teixeira

A história de Lamego, sede episcopal e importante centro urbano duriense, encontra-se associada à sua numerosa comunidade judaica, responsável pela dinâmica comercial e artesanal que animou a cidade no final da Idade Média.

A documentação revela-nos o nome de inúmeros judeus: mercadores, tecelões, alfaiates, gibiteiros, sapateiros, ferreiros, ourives e físicos...

Entre a elite, destacam-se as famílias Benveniste, Cide e Valencim, esta ligada também à medicina e representada por Mestre Jacob Valencim, oftalmologista, cirurgião do Infante D. Henrique.

A Comuna, regulada por Carta de Mercê de D. João I e dirigida pelos respetivos Rabi e oficiais administrativos, integrou-se na vida regular da cidade, encontrando-se vários dos seus membros no exercício de cargos municipais, tabeliães, procuradores e servidores do rei.

O espaço urbano exibe as marcas da existência de duas Judiarias, situadas no exterior do perímetro amuralhado da cidade, em zonas de circulação e comércio.

A mais antiga, designada Judiaria Velha ou do "fundo da cidade", documenta-se desde finais do século XIII. Situada junto à Porta do Sol, esteve na origem e consolidação da principal artéria medieval que ligava o Castelo ao Couto da Sé – a atual rua da Olaria, antiga Sapataria.

A Judiaria Grande, ou da Pedra – com sinagoga documentada - formou-se nos finais do século XIV devido ao crescimento demográfico, ampliado posteriormente com a vinda de famílias castelhanas. Ocupava a atual Rua Nova e vielas adjacentes, próximo da Igreja de Almacave e do antigo centro cívico e comercial do Concelho, a atual Praça do Comércio.

 

Contactos:

Câmara Municipal de Lamego
Av. Padre Alfredo Pinto Teixeira
5100-150- Lamego
Tel: 254 609 600

Loja Interativa de Turismo de Lamego
Rua Regimento de Infantaria n.º 9
5100-147 Lamego
Tel: 254 099 000

voltar ao topo