Sabugal

Cidade fronteiriça com Espanha e localizada junto ao rio Côa, o Sabugal tem confirmada a presença judaica desde o séc. XIII.

Dezenas de marcas judaico/religiosas e cruciformes persistem no centro histórico intramuralhas da cidade muito próximo do castelo. Também na parte exterior, junto à zona da Misericórdia e nas antigas sedes de município de Vila Maior e Vila do Touro o mesmo acontece.

Na Casa do Castelo (Sabugal) e numa outra, junto à muralha existem dois “Hejal” (Aron há Kodesh), diferentes mas ambos com o mesmo intuito de permitirem, após o desaparecimento das sinagogas (1496) a possibilidade de continuação discreta senão secreta de orar a Deus seguindo a orientação judaica.
        
No território do Sabugal, 143 processos da inquisição foram levantados a naturais ou moradores (Jorge Martins). A maioria larga fora com a acusação de judaísmo.

Em Vila Maior (24 kms Sabugal), a judiaria correspondia à zona mais elevada da povoação onde se situava a sinagoga, local que hoje preserva o Hejal e entrada diferenciada para homens e mulheres. Vários símbolos se mostram gravados na pedra.

Em Vila do Touro (10 kms do Sabugal), a Rua Direita e a Rua D. Pedro Alvito exibem várias janelas manuelinas e portas biseladas e igualmente, cruciformes.

 

Pela sua proximidade à fronteira, a região do Sabugal recebeu comunidades judaicas expulsas do vizinho reino de Castela em 1492. A documentação do séc. XV prova a sua presença na Vila do Sabugal, bem organizada, como a menção ao Rabi e físico castelhano Juda Corcoz e outros indivíduos de condição modesta, como o alfaiate Jaque Mel e o sapateiro Isaac Verdugo.

Após o decreto de D. Manuel I de 1496, estas comunidades optaram por sair do país ou converter-se ao cristianismo. Os que ficaram mantiveram as suas práticas judaizantes em segredo e, por isso, entre 1544 e 1795, mais de uma centena de cristãos-novos caíram nas malhas da Inquisição, na Vila do Sabugal. Em recordação da passagem destas comunidades judaicas pelo Sabugal, existe hoje um espaço interpretativo da Memória Judaica, junto ao castelo.

Detetar hoje, os testemunhos da sua vivência religiosa escondida é uma missão impossível. Entre os mais citados vestígios desse passado está a tradição de inspiração judaica de assinalar as ombreiras com uma cruz, adotada por toda a cristandade a partir do séc. XVI, ao ponto de, para se dissimularem entre a população, alguns indivíduos da comunidade cripto-judaica terem recorrido a ela. Conhecem-se também inúmeros armários de parede em granito, que são associados, por alguns autores, aos cultos judaicos, mas que terão sido empregues apenas para esconder o ritual das candeias do Shabat.

 

Contactos:

Museu do Sabugal.

Largo de S. Tiago 6320-447 Sabugal

271 750 080 / Fax: 271 750 088

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